OS QUATRO SUICÍDIOS
Maria
Lucia Victor Barbosa
14/02/2015
Mario Vargas Llosa, escritor peruano e Prêmio
Nobel de literatura, em artigo publicado pelo O Estado de S. Paulo em 08 de
fevereiro de 2015, discorreu sobre suicídio político, que é de teor coletivo e
“praticado nos países que, presos de um desvario passageiro ou prolongado,
decidem empobrecer-se, barbarizar-se, corromper-se ou todas essas coisas
juntas”.
Vargas
Llosa cita como exemplos desse tipo de suicídio na Europa, Hitler e Mussolini
“que chegaram ao poder por vias legais e um bom número de países centro-europeus
que se atiraram nos braços de Stalin sem maiores pudores”. Na atualidade o
escritor aponta a Grécia, “que em eleições livres acaba de levar ao poder o
Syriza, um partido demagógico e populista de extrema esquerda que se aliou para
governar com um pequeno grupo de direita ultranacionalista e antieuropeu”.
Como latino-americano
Llosa não podia deixar de dizer que em matéria de suicídio político “a América
Latina é pródiga em exemplos trágicos”. Ele analisa especialmente a Argentina
na fase peronista que arruinou o país antes considerado de Primeiro Mundo, mas
absteve-se de falar no atual e desastroso governo de Cristina Kirchner. Focou
também na Venezuela sob o comando do caudilho messiânico, Hugo Chávez, sucedido
por Nicolás Maduro “que embora inepto para tudo o mais, na hora de fraudar
eleições, encarcerar, torturar e assassinar opositores,” não vacila.
Sem
dúvida a América Latina é pródiga em suicídios políticos e muitos outros
exemplos podem ser dados. Entre eles o do Brasil que recentemente cometeu
quatro suicídios políticos ao eleger petistas.
Lula da Silva foi presidente de direito
durante dois mandatos e presidente de fato na gestão de Dilma Rousseff, assim
continuando no mandato que ora se inicia. E ele não pretende apear do cargo
mais alto da República, pois avisou que já está a postos para dar continuidade
ao seu longevo poder, em 2018.
Esta
sequência que visa à hegemonia petista confirma a profecia de José Dirceu, o
Bob como é conhecido nas lides criminosas do petrolão e que praticamente está
livre da Papuda depois de ter sido o cérebro do esquema igualmente criminoso do
mensalão. Talvez, os 20 anos previstos por Dirceu ainda sejam poucos. Quem sabe ele próprio retome a carreira
interrompida e entre em campanha para se eleger presidente da República em
2022. Afinal, a propensão para suicídios políticos na América Latina é
arraigada.
A
questão é que os caminhos da vida e das sociedades ainda são mutáveis,
imprevisíveis e complexos, antes que os avanços tecnológicos confirmem um mundo
inteiramente controlado que aparece nos livros e filmes de ficção. No nosso caso o dinamismo social, político e
econômico está trazendo complicações que se antepõe ao projeto petista de poder.
O primeiro mandato de Lula da Silva foi fácil.
Ele singrou nas águas da estabilidade econômica obtida pelo Plano Real de FHC.
Pareceu excelente para os pobres das bolsas esmola e para os ricos banqueiros,
empreiteiros, enfim, para a “dona zelite” que lucrou como nunca antes nesse
país. O período foi cantado em verso e prosa pelo ególatra, tido pelo povo como
um operário pobrezinho que logrou chegar lá. Contudo, no decorrer do tempo o
partido autointitulado como o único ético, puro, aquele que vinha para mudar o
que estava errado, extrapolou em escândalos de corrupção e na incompetência
governamental.
Nos
quatro anos de Rousseff o processo de arrebentar a economia se consumou, o que
pode ser simbolizado pela devastação da Petrobras assaltada pelo PT e
companheiros. Como não podia deixar de ser caiu vertiginosamente a aprovação da
criatura, enquanto no Congresso surgiu uma verdadeira oposição liderada pelo
presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Para piorar, o desenrolar da operação Lava
Jato vai se aproximando perigosamente de Lula da Silva e de Rousseff.
Como
não podia deixar de ser, o presidente de fato entrou em campo. Junto com o
ministro da Justiça e outros tenta influir na Operação Lava Jato para anular as
delações feitas. Pede também o impossível a Rousseff: que ela seja simpática e
dialogue com os partidos, com os movimentos sociais, com governadores e
prefeitos.
Lula
pode até conseguir algumas coisas, exceto mudar instantaneamente a insatisfação
popular com a economia e controlar a ação judicial contra a PTbras aberta por
acionistas americanos que se sentiram roubados.
Lembra
um amigo meu, que um bilionário chamado Madoff deu um gigantesco golpe em
investidores americanos. Em dois anos
foi julgado, condenado e preso nos Estados Unidos. Hoje, aos 80 anos, trabalha
na lavanderia da prisão. Se viver mais 30 anos, sairá, mas é pouco provável.
Vai ver, que o grande temor de Lula, Rousseff e demais companheiros é a
lavanderia, único meio de impedir que brasileiros cometam outro suicídio
politico.
Maria
Lucia Victor Barbosa é socióloga
Nenhum comentário:
Postar um comentário