sexta-feira, 6 de novembro de 2009

T E M P O

MARIA LUCIA VICTOR BARBOSA

Tempo!
Bendito tempo
que as dores sempre acalma,
que aquieta as más lembranças,
que preserva a criança
que levo escondida em minh’alma.


Tempo!
Maldito tempo
que marca meu rosto com garras,
que passa sobre meus sonhos,
que rasga a mágica tênue
da vida que se esvai nas floradas


Tempo,
pudesse te dominar.
sem medo, sem pejo de nada,
um tango iria dançar
e enfeitar de alegria
os minutos que em mim se abrindo
nunca iriam passar.


Ah, tempo,
pudesse te segurar
bem firme por entre os dedos,
fixaria poentes
em cores de obra-prima,
teceria belos casulos
de luar e de neblina
para meus segredos guardar.

E os bem-te-vís, os ouviria cantar
sem pressa, parada no cais,
lembrando quem bem-me-viu
que levastes em tuas asas
para o mundo do nunca mais.


Tempo,
Não tires assim meu alento,
preciso já construir
as pontes dos bons intentos,
romper distâncias, calar o pranto
enquanto busco o amor,
que tu de maldade escondeu
nas trevas do desencontro.


Tempo,
fique mais, quero rever o mar.
de longe e de perto amar.
desfolhar muitos azuis,
resplandecer em auroras
esquecida que nas horas
estás ligeiro a passar.


Por fim, como anjo vadio
planando sem eira nem beira
sobre abismos de saudade,
hei de mostrar-te a verdade:
não podes comigo, tempo,
sou filha da eternidade.

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