OS MISTERIOSOS BASTIDORES DO PODER
Maria Lucia Victor Barbosa
04/01/2010
O que sabemos sobre os verdadeiros desígnios daqueles que nos governam? Nada sabemos. O que se passa nos bastidores do poder, nas tramas palacianas, nos grupos de comando da sociedade? Isso é invisível para a quase totalidade ou mesmo totalidade dos cidadãos. Como dominar pela mentira, pela propaganda enganosa, pelo culto da personalidade? Isso só os poderosos conhecem e dispõem de técnicas cada vez mais avançadas para fabricar o espírito da manada. Mesmo aqueles que compõem a minoria esclarecida e se opõem a certos atos e fatos gerados pelo governo, sem perceber são induzidos aderir ao jogo que refutam. Tomemos alguns exemplos para ilustrar o que se afirma.
Sean Goldman, nascido nos Estados Unidos, filho de pai norte-americano e de mãe brasileira foi trazido para o Brasil pela mãe aos quatro anos, enquanto o pai David Goldman era deixado para trás. A mãe se casou de novo com um advogado, mas veio a falecer no parto de uma menina que foi criada juntamente com Sean pela avó materna. Durante cinco anos o pai de Sean lutou na Justiça para reaver a guarda do filho, conforme lhe facultam leis do Direito, inclusive, internacional, mas só recentemente conseguiu levar a criança para seu país. Durante o calvário de David circularam na imprensa calunias contra ele e logo segmentos da sociedade se posicionaram a favor da avó, emitindo o tom nacionalista de: “Sean é nosso”.
Uma explicação sobre o caso, que tem lógica e parece esclarecer melhor o porquê da longa imposição de sofrimento feita ao pai do menino, apareceu num texto de Celso Lugarelli que circulou pela Internet. Segundo Lugarelli, “Sean é sobrinho-neto da ex-guerrilheira Maria Augusta Carneiro Ribeiro, a Guta, do MR8, amiga íntima de José Dirceu e do Lula”. Sobre Guta, que faleceu num acidente em maio do ano passado, consta o que Lugarelli encontrou no blog de José Dirceu. Entre outras homenagens, o sempre poderoso deputado petista cassado escreveu sobre a companheira: “Sua última luta (...) foi em defesa do seu sobrinho neto, Sean”. “A permanência da criança no Brasil, com a família de sua mãe – Bruna Bianchi Carneiro Ribeiro, já falecida – foi a última grande causa na qual Guta se engajou”.
Portanto, o arbítrio sobrepujou a lei, a ideologia se sobrepôs à razão, enquanto muita gente se colocou ao lado da injustiça sem saber que as calunias feitas ao pai de Sean não passavam de manipulação da opinião pública.
Outro instrumento perfeito de criação do espírito da manada é o culto da personalidade devotado a Lula da Silva, que agora culmina com o filme, “Lula, o filho do Brasil”, o mais caro já lançado no país, financiado por estatais e empreiteiras e que arranca emoções, lágrimas e idolatria de quem assiste a mitificação de uma espécie de Jesus Cristo de Garanhuns. Periga a manada se ajoelhar diante da tela para saudar o prodígio, o pai magnânimo, o salvador, a criatura humilde, o igual, o sofredor. Não passa pela cabeça do homem comum que Lula da Silva não tem mais nada mais de sofredor, que é o presidente da República que nunca antes nesse país usufruiu de tantas viagens maravilhosas, que virou dono do poder, que faz parte da classe dominante, que é responsável pelo aumento de gastos secretos com cartões corporativos, o que deve tornar a vida na corte suntuosa.
Mas não basta o filme. Surge uma pesquisa em que Lula é o pop star brasileiro “mais confiável”, o número 1 acima de figuras famosas entre o grande público. Mas, não seria apenas o mais conhecido, por estar constantemente em foco na mídia, sempre louvado por grandes feitos nem sempre reais? Afinal, porque o povo confiaria também em Roberto Carlos ou Ivete Sangalo, dos mais cotados na confiabilidade dos entrevistados? Gostar de artistas é normal em sociedades de massas, se alienar à imagens fabricadas é comum para o grosso dos indivíduos, necessitar de ídolos é característica do ser humano, mas confiar pertence a outra categoria de avaliação. Quando o presidente da República aparece entre artistas, homens da mídia e políticos populares, mas sem a companhia de nomes pertencentes à elite intelectual brasileira, expoentes da arte e da cultura, figuras meritórias devotada às causas mais nobres, dá para desconfiar que a pesquisa objetiva apenas para plasmar o espírito da manada.
E enquanto Lula da Silva recebe prêmios e elogios mundiais, que sob a superfície marqueteira escondem interesses comerciais, sua política externa vem acumulando fracassos quando o Brasil disputa cargos internacionais. É fato também que o presidente se intrometeu excessivamente em Honduras para dar uma mãozinha ao companheiro Chávez, que por sua vez queria eternizar Zelaya no poder. Lula foi pela contramão do mundo quando recebeu e apoiou o abominável déspota Ahmadinejad. Tem demorado a defenestrar o terrorista Battisti. Mas esses fatos não são captados pelo espírito da manada.
Provavelmente, se Dilma Rousseff ganhar, pelo menos algumas coisas ficarão mais evidentes e esclarecidas, como os intentos inequívocos de cercear a liberdade de imprensa que apareceram na 1ª Conferência Nacional de Comunicação encerrada em dezembro passado. E enquanto nos bastidores se urde a continuidade do PT no poder, o que significa que qualquer obstáculo a esse intento será pulverizado, o “filho do Brasil” usufrui seu esplendoroso lazer numa paradisíaca praia, naturalmente, inacessível à manada.
Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.
mlucia@sercomtel.com.br
www.maluvibar.blogspot.com
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
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Concordo plenamente, assino em baixo e vou divulgar o quanto puder. Parabéns!
ResponderExcluirFeliz 2010
Marineide
Professora:
ResponderExcluirEsse espírito que se formou na politica brasileira é que nos levou a isso. Vota-se no mais bonitinho na foto, no mais educadinho, no que aparece com a gravata mais bonita. Naquele que repete bordões ordinários (quero um país decente)E quem não quer? Por isso estamos assim. Para nós do Partido Alfa, campanha politica é como final de campeonato: é hora de botar os podres dos outros na rua. E do pescoço pra baixo, tudo é canela. Quebra. Só assim é que poderemos destruir essa moral podre que nos governa. Não sei dizer como se chama isso, em sociologia, mas é concenso tácito entre todos que ex-presidentes, ex-governadores e alguns ex-prefeitos terminem seus mandatos ricos, com "esquemas". E todos sabem mas ninguem diz nada. Parecem amordaçados por mãos invisiveis. Porque? Estão esperando a sua vez de roubar? É um inferno.
Maria Lucia, amada amiga, voce eh uma pessoa rara e fiel a familia, amigos e a Patria. Deus abencoe voce!
ResponderExcluirCelita da Mata Louback Polsgrove,Texas
Prezada Maria Lúcia:
ResponderExcluirAssim como você, sou socióloga. Moro nos EUA há 12 anos, e já morei em Curitiba, que adorava. Minha mãe é mineira e tenho muitos parentes em Belo Horizonte. Estes paralelos me fizeram escrever para você para elogiar o artigo "Os misteriosos bastidores do poder".
Desde Fevereiro de 2009 eu tenho ajudado o David Goldman, junto a um pequeno grupo de brasileiros (que foi crescendo com a maior exposição da mídia) a divulgar o caso e entender as autoridades brasileiras. Escrevemos para centenas de pessoas, entre políticos, jornalistas, blogueiros e celebridades. Muitos poucos se dispuseram a escrever sobre o caso favoravelmente ao David. As celebridades de TV entao, nada (talvez por medo dos Marinho). Ajudamos também aos amigos do David, que começaram o website BringSeanHome.org, a entender os meandros e bastidores do poder no Brasil e a mentalidade das pessoas, principalmente da classe média alta brasileira. A xenofobia, o sistema de classes, etc, os quais os americanos não entendiam muito bem. Foram meses e meses escrevendo sem parar, fazendo comentários em todos os artigos sobre o caso e "brigando" com os aliados dos Lins e Silva e Ribeiros no blog Brasil com Z da Globo, além de comentários no blog da Cora Ronai, Gloria Perez e da Ruth de Aquino, mulheres que no passado eu admirava mas que perdi a admiração depois deste caso.
Fomos nós no BringSeanHome.org que fizemos o link entre a Guta e o os políticos que tentaram atravancar o retorno do filho para o pai. Queríamos uma mudança de mentalidade, além de esclarecer as mentiras que estavam sendo perpetuadas pela mídia, em especial a Globo. Queríamos que parassem de usar o termo "pai biológico" e "pai americano", que acentuavam o anti-americanismo e a idéia de que o David jamais tinha criado o Sean. Finalmente este caso está resolvido, e agora pai e filho podem restabelecer os seus laços interrompidos. E quem sabe um dia, os avós maternos possam ser uma influência positiva na vida do neto em sintonia com o seu pai. Um abraço.
Boa Tarde, Sra. Maria Lúcia... Li seu texto: "Os misteriosos bastidores do poder"... Parabéns pela publicação! O texto condiz com a crua realidade do nosso país, envolto por uma corja de políticos corruptos e injustos... Por um "Presidente" que se diz ao lado dos mais humildes, mas ñunca sabe de nada e nunca vê nada... E fica a pergunta... até quando o nosso país vai suportar essa manada?
ResponderExcluirEu acho que não vai mudar nunca, nada nesse país... Infelizmente um país sem justiça e sem Deus jamis poderá se tornar um PAÍS que não honra sequer a sua BANDEIRA!!!
Abraços, Valrita
Se tivesse ficado no Brasil o menino Sean seria vitima de dois males: primeiro, da injustiça da efetivação do crime de sequestro; segundo, o mesmo destino que todos corremos o risco de ter, aqui no Brasil. O abatedouro. Foi excelente a aplicação do termo: "Espírito da Manada".
ResponderExcluirO brasileiro não gosta de seguir regras e leis.O jeitinho brasileiro destrói a sociedade e aliado a morosidade da justiça com a interferencia política está criado as condições para as injustiças.
ResponderExcluirLucia,
ResponderExcluiro fim de um seu poema diz:
NÃO PODES COMIGO, TEMPO,
SOU FILHA DA ETERNIDADE.
Bem postado,quem pensar com a razão transcendente entenderá,senão é mais um simplesmente passando pelo planeta,o que diz???
Este mais um entenda-se como as grandes feras bestas que comandaram e comandam algumas nações
pelo planeta.
Grandes impérios de grandes comandantes cairam e continuarão a cair.
O poder de mando para ser um privilégio tem que cair em mentes que pensam grande,talvez assim como um GANDHI,UM LINCOLN,OU MESMO UM MAIS MODERNO COMO DE GAULLE.
O mundo terreno sempre teve os psicopatas,megalômanos,exibidos,vaidosos,raivosos,lobos com peles de cordeiro e tantas bestas feras.
Estes não pensam como no seu poema;
NÃO PODES COMIGO,TEMPO,
SOU FILHA DA ETERNIDADE.
Nas mentes retas,isso é agregado ou seria kármico?????
Os lobos humanos nem sabem o que estão fazendo ou porque estão passando pelo planeta.
É uma pobresa espiritual ofuscada pelo PODER TEMPORAL.
TRISTE E LAMENTAVEL, VER UM IRMÃO OU IRMÃOS,
PASSANDO PELO TEMPO,sim este tempo simplesmente é medido pela matéria.
Estaremos sempre passando pelo tempo,só estamos humanos,nossa pátria não mede tempo ou espaço.
Quantos lulas ja passaram pela terra e hoje os vemos mendigando ???????