REFLEXÕES SOBRE O
DIA DAS MÃES
Palestra
- Academia de Letras, Ciências e Artes de Londrina
Acadêmica
Maria Lucia Victor Barbosa
12/05/2013
A maternidade pode ser definida
de modo simples e geral, como o amor mais puro, o laço mais profundo, a doação
mais perfeita, a integração mais divina representada por mãe e filho.
Além disso, mãe é coisa
universal. Não importa a cor, a cultura, a classe social. Em toda parte do
mundo quando o filho chora, a mãe acode. Quando está em perigo, ela o protege.
E quando o filho chama, ás vezes só pelo prazer de falar “mãe”, ela responde.
Mães são guardiães da vida.
Quando a criança ainda está em seu corpo, ela o nutre com seu sangue. Quando
nasce o alimenta com seu leite. E pela vida afora mães cuidam de seus filhos, o
que é uma forma de estar sempre lhes transmitindo a vida.
Em todas as sociedades, em todos
os tempos, a figura materna é uma das mais respeitadas. E sagrada é a figura da
mãe em todas as religiões e a terra representa a mãe, fecunda e dadivosa. Tem
mãe de deuses. Tem mãe de Deus que os cristãos chamam de Maria.
Na verdade “os antigos viam seu
mundo dividido em duas metades: a masculina e a feminina”. “Seus deuses e
deusas agiam no sentido de manter um equilíbrio de poderes”. “Yin e Yang”. “Quando o masculino e o feminino estavam equilibrados, havia
harmonia no mundo”. “Quando se desequilibravam, estabelecia-se o caos”. “Cada
religião se baseava na ordem natural e divina”. “A deusa Vênus e o planeta Vênus
eram uma só coisa”. “A deusa tinha um lugar no céu noturno e era conhecida por
muitos nomes: Vênus, Estrela Oriental, Ishtar, Astarte, que são conceitos
poderosos femininos vinculados à natureza e à Mãe Terra”. (Dan Brown).
Os egípcios antigos buscavam segurança
criando técnicas mágicas para auxiliá-los na morte e desenvolviam cultos a
deusas e deuses que pudessem ajudá-los. Entre os mais importantes estavam Ísis
e Osíris e com relação a eles produziu-se no Egito Antigo um mito e um culto.
Ísis, que era esposa e irmã de Osíris, recuperou seu corpo após ter sido este
morto por seu maligno irmão Set, tornando-se assim Osíris o deus que
ressuscita. A deusa concebeu Hórus, filho de Osíris e, como mãe zelosa, o criou
em isolamento para protegê-lo dos perigos. Assim Hórus cresceu forte e
tornou-se um deus nacional e ancestral dos faraós, que chamavam a si mesmos de
“Hórus vivos”.
Na Grécia Antiga encontramos o
par Zeus e Deméter considerada a Mãe Terra. Zeus e Deméter eram pais de
Perséfone, que foi raptada por Hades, o senhor do mundo inferior para ser sua
esposa. Perséfone permanecia com Hades por quatro meses, passando o resto do
ano com sua mãe, e seu retorno ao mundo da superfície simbolizava o retorno da
primavera, quando a feliz Deméter dava vida às plantas.
No hinduísmo, a deusa-mãe se
manifesta tanto como consorte das principais divindades masculinas hindus
quanto de forma genérica que encerra milhares de deusas locais ou devis.
As deusas benignas e frutuosas
são lakshmi ou Parvati. Kali e Durga são poderosas e destrutivas. Sarasvati
enfatiza o papel de mãe fértil e doadora de vida.
No cristianismo avulta a figura
não de uma deusa, mas de uma Mãe de Deus. Aquela que porta várias denominações
sendo apenas uma. As orações dedicadas a Maria são dotadas de enorme conteúdo
de fé. Entre elas, a “Salve Rainha”. Dita de forma repetitiva ou mecânica não
impressiona, mas se prestarmos atenção é impactante.
No tocante a dualidade, que
simbolicamente aparece nas deusas hindus, podemos dizer que existem mães de
todo jeito. Algumas são suaves e compreensivas, outras impacientes e rigorosas.
E qual mãe já não se enraiveceu diante das travessuras dos filhos pequenos ou
dos erros dos filhos adultos? Mas da palmada ao xingatório, das implicâncias ao
zelo excessivo, tudo é amor de mãe e os filhos compreendem. E que nessa relação
especial prevalece uma capacidade infinita de perdão que os homens aprenderam
com Deus.
Sim, tem mãe de todo jeito. Tem
aquelas que não podendo gerar um filho de sua carne geram um filho do seu coração.
São as mães adotivas, as quais não faltam noites sem dormir, preocupações e
alegrias, desvelos e carinhos que filho requer.
Tem até mãe que é pai e, porque
não, pai que é mãe.
Não dá para omitir que também tem
mãe desnaturada que mata, que abandona o filho ou que mesmo o tendo por perto
lhe é indiferente. E para o filho não há dor maior do que a indiferença de uma
mãe. Os órfãos de pais vivos são muito sofridos e pela vida afora sempre há de
lhes faltar alguma coisa.
Aliás, nesse nosso tempo, em que valores
são perdidos e outros não repostos, em que reina a mediocridade e a vulgaridade
que pese os incríveis avanços da ciência da tecnologia e dos meios de
comunicação, transformações sociais de todo tipo estão ocorrendo, sendo que
algumas, como não poderiam deixar de ser, acabam atingindo a instituição
familiar.
Toda moeda tem dois lados e
assim, se as mulheres hoje conquistaram seu espaço profissional, trabalhando
fora de casa, por outro lado, as que são mães ficam um largo tempo longe dos
filhos, que desde muito cedo vão para creches e escolas. E há mães, que enchem
seus filhos de excessivas atividades para não tê-los por perto, porque filho dá
trabalho. Muitos aqui devem ter visto um comercial de TV em que uma mãe em um
supermercado diz que vai comemorar o fim das férias dos filhos, que a olham com
cara de que não compreenderam a tal comemoração.
Não se trata aqui é claro de
criticar o progresso das mulheres que estudam e trabalham. Mas as mães modernas
têm que repensar um meio de progredir com ser humano e aproveitar os espaços
que puderem para conviver o máximo com seus filhos. Isso porque, cabe perguntar
se toda a violência que se presencia nas escolas e na sociedade, não reflete a
falta de bases familiares mais sólidas. Possivelmente a crise que se presencia
hoje é uma crise de falta de amor. E o primeiro amor que o ser humano recebe é
o amor de mãe. Ela é a identificação, a primeira noção de mundo.
Também as constantes separações
de casais, inevitáveis hoje em dia, trazem consequências nos relacionamentos
entre pais, filhos e irmãos.
Para compensar todas as
descompensações da modernidade têm as avós, chamadas de mães com açúcar,
duplamente mães, duas vezes privilegiadas. Mais maduras, pacientes e
experientes, avós muitas vezes consertam através dos netos os erros que
cometeram com os filhos e enxergam com maior lucidez o renovar o renovar
constante da vida que é seu próprio renovar.
Que nesse Dias das Mães, de todos
os tipos, cores, culturas, classes sociais que sejam homenageadas também as
mães que perderam seus filhos, sendo esse o sofrimento mais profundo que existe,
lembrando, porém, que elas os guardam para sempre no colo de sua memória
fazendo-os sempre presentes.
E tem as mães cujos filhos nascem
ou vêm a ter problemas de saúde, sendo que é nelas que eles encontram a força e
a coragem para ir em frente.
Para terminar, relembremos a
poesia de Khalil Gibran:
Seus
filhos não são teus filhos,
São
filhas e filhos da Vida por si mesma.
Eles
vêm através de ti, mas não de ti,
E
embora estejam contigo não te pertencem.
Poderás
dar-lhes teu amor, mas não teus pensamentos,
Pois
eles têm seus próprios pensamentos.
Poderás
acolher seus corpos, mas não suas almas,
Pois
suas almas habitam a mansão do amanhã
Que
não podes visitar nem mesmo em sonhos.
Poderás
ser como eles, mas não tentes
Torná-los
semelhantes a ti,
Pois
a vida não para nem se atrasa com o dia passado.
Tu
és o arco pelo qual teus filhos, como flechas
Vivas
são projetados.
O
arqueiro vê o alvo no caminho do infinito, e Ele
Te
dá sua força para que suas flecha voem céleres
Para
longe.
Que
tua firmeza pela mão do Arqueiro seja para a
Alegria:
Pois
assim como Ele ama a flecha que voa, ama o
Arco
que permanece firme.
Maria
Lucia Victor Barbosa
Nenhum comentário:
Postar um comentário