RUMO À VENEZUELA
Maria
Lucia Victor Barbosa
28/02/2015
A
Venezuela está mergulhada no caos econômico e político depois dos sucessivos desgovernos
de Hugo Chávez e do seu genérico, Nicolás Maduro. E quando a economia vai mal
não há governo que resista, sendo inúteis a propaganda enganosa e a lábia
populista que visa iludir o povo.
Maduro,
vendo o chão correr age como todo déspota apelando para a força bruta, as
prisões arbitrárias, a tortura, a constante intimidação dos adversários, a
perseguição à mídia e, recentemente, a autorizou o uso de armas letais contra
manifestantes desarmados.
Existe também
o surrado recurso á teoria conspiratória, que se conjuga à vitimização forjada
em documentações e gravações falsas. Desse modo, o falsário Maduro se apresenta
como vítima de uma conspiração que objetiva um golpe de Estado. Em última
instância, seu assassinato. Para tornar a pantomina mais real manda prender o
prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledzma, que acusa de envolvimento
nos protestos antigoverno de 2014. E como não podia faltar o tiranete da
Venezuela põe a culpa de tudo nos Estados Unidos. Só faltou culpar Fernando
Henrique Cardoso.
Recentemente
a escalada de violência ceifou a vida de um jovem de 14 anos, morto com um tiro
na cabeça quando participava de um protesto contra Maduro. Inventou-se, então,
uma historinha segundo a qual manifestantes encapuzados tentaram rouba as motos
de quatro oficias que dispararam e depois viram cair um corpo. De quem?
Justamente do jovem “conspirador”.
No seu relatório anual sobre o estado das
liberdades no mundo, divulgado em 24 de fevereiro deste ano, a ONG Anistia
Internacional, tão cara aos petistas, denunciou tortura e maus-tratos contra
manifestantes e cidadãos venezuelanos. Indicou que pelo menos 43 pessoas
morreram nos protestos de 2014 e 870 ficaram feridas. Houve violação dos
Direitos Humanos e confrontos violentos entre manifestantes e forças de
segurança, que contaram com apoio de grupos armados favoráveis ao governo. Ao
menos 23 pessoas foram submetidas a torturas, espancamentos, ameaças de morte e
violência sexual depois de serem presas pela Guarda Nacional e pelo Exército do
Estado de Táchira.
A Anistia
Internacional afirma ainda em seu relatório que 150 pessoas morreram nas
prisões venezuelanas no primeiro semestre do ano passado. Também o Observatório
Venezuelano de Prisões denunciou que entre 1999 e 2014, 6.472 presos morreram
nas masmorras do país.
O que diz
sobre isso o PT que se arvora em defensor de direitos humanos? Segundo nota
afirma seu repúdio contra “quaisquer planos de golpe contra o governo de
Nicolás Maduro.” “O Partido dos Trabalhadores tem acompanhado com atenção a
situação politica venezuelana e expressa sua preocupação sobre fatos recentes
que atentam contra a vontade popular”.
“O povo venezuelano deixou clara a opção pelo aprofundamento das
políticas sociais iniciadas no governo Hugo Chávez”. Assina a nota de apoio
incondicional a Maduro, Rui Falcão, presidente nacional do PT.
No evento
em defesa da Petrobras (24/02/2015), na sede da Associação Brasileira de
Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro, promovida pela Central Única dos
Trabalhadores (CUT) e pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), esteve presente
Lula da Silva. Foi defender a Petrobras que demoliu, a democracia que despreza,
os direitos humanos à lá Chávez. Num momento de arroubo vociferou: “Em vez de
ficarmos chorando, vamos defender o que é nosso”. “Também sabemos brigar”.
“Sobretudo quando o Stédile (chefe do MST) colocar o exército dele nas ruas”.
Portanto,
o presidente de fato, temendo perder seu projeto de poder transformou-se em
agitador confundindo o Brasil com porta de fábrica. No ataque raivoso atentou
contra o Estado Democrático de Direito, investiu contra a Constituição.
Reza a
Constituição, Art. 5º - XVII – “é plena a liberdade de associação para fins
lícitos, vedada a de caráter paramilitar”. E no parágrafo XLIV, lê-se: “constitui
crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou
militares, contra a ordem constitucional e o Estado democrático”.
O MST,
com suas camisas e bandeira vermelhas, seus facões e enxadas a guisa de
instrumentos de trabalho, sempre marchou unido como um grupo paramilitar. Seu
histórico é de invasão de terras produtivas, destruição de gado, impedimento de
funcionários das fazendas de ir e vir, ateamento de fogo às sedes, ameaça aos
proprietários. Recorde-se que no ano passado Maduro enviou um de seus ministros
ao Brasil para dar treinamento militar ao MST.
Em nota o
Clube militar afirmou que só existe um Exército, o Exército brasileiro, o
Exército de Caxias. As demais
instituições se calaram. Vale ainda lembrar, que enquanto o MST é recebido por
autoridades, incluindo a presidente da República, o governo baixou seus punhos
de aço contra os caminhoneiros por conta de uma greve que é justa. Estaremos
indo rumo à Venezuela?
Maria
Lucia Victor Barbosa é socióloga.
Nenhum comentário:
Postar um comentário