QUEM NOS GOVERNA?
Maria Lucia Victor Barbosa
30/11/2-15
Quem nos governa? A rigor ninguém. É verdade que
Lula da Silva está sempre se intrometendo junto à criatura. Ele tira e põe
ministros, como fez desde o primeiro mandato de Rousseff e, pior, dá palpites
na economia querendo reeditar as medidas populistas que a governanta e o ministro
da Fazenda, Guido Mantega, sob seu comando puseram em prática.
Contudo, aos
quase 13 anos de governo petista não foram feitas as reformas necessárias. A
Saúde tornou-se um descalabro com requintes de crueldade. A Educação chegou ao
seu pior nível. A violência urbana, que tem como causa principal a livre
entrada no País das drogas, aumentou a ponto de supor que estamos em guerra
civil tantas são as mortes cometidas por bandidos que são presos e logo soltos.
Os carros, comprados aos milhões sem planejamento urbano tornaram o trânsito um
inferno. A corrupção desbragada, como nunca antes houve nesse país, dilapidou a
Petrobrás e outras instituições.
Depois do “milagre” do magnânimo pai Lula vieram as
consequências na economia: inflação crescente, aumento do desemprego e da
inadimplência (|nome politicamente correto para calote), recessão. A situação
tende a piorar.
No Planalto temos o desgoverno da senhora
atarantada, cujas únicas funções são viajar, receber atletas e falar para
plateias restritas e adestradas para aplaudi-la. Exposta publicamente é vaiada,
como tem acontecido com vários participantes do governo petista.
De fato, não há mais Poder Executivo. A governanta
não possui apoio nem popular nem no Congresso, muito menos do seu criador e do
PT, e acaba de perder o líder do governo no Senado, o petista Delcídio do
Amaral que foi preso. Algo nunca acontecido por se tratar de um senador em
exercício. Outro presidente da República já teria sofrido o impeachment ou
renunciado.
A desdita do senador aconteceu não porque ele
ofereceu uma fuga rocambolesca a Cerveró, temendo ser incluído na delação
premiada do ex-diretor da Petrobras, mas por ter afrontado os ministros do STF.
Junto com o senador Delcídio do Amaral foi preso o banqueiro André Esteves,
dono do BTG, muito ligado às altas autoridades e suas nebulosas “transações”.
Na véspera foi preso também José Carlos Bumlai, acusado de intermediar
contratos na Petrobras e arrecadar propinas em nome de seu grande amigo Lula da
Silva, junto ao qual tinha passe livre quando este era presidente.
Quanto ao Poder Legislativo estaria bastante
desfalcado se houvesse aplicação efetiva e ágil da lei. No entanto, apenas o
presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, foi exposto longamente na mídia
como o único corrupto da República. Isso aconteceu por conta de seus “pecados”
ou por que é ele quem desencadeia o rito de impeachment da presidente que,
aliás, já foi uma vez barrado pelo Supremo? Ou por que encarnou a única e breve
oposição ao PT? Ou mesmo por que logrou
a rápida independência do Congresso
sempre agachado diante do Executivo?
As indagações são pertinentes porque existem,
ligados á Lava Jato, 67 investigados no STF por envolvimento nos esquemas de
corrupção da Petrobras, entre eles, deputados e senadores. Tem ainda ministros
envolvidos e os chamados inquéritos ocultos, além das peças sem denúncia para
as quais a Polícia Federal pediu prorrogação de prazo para investigações. A
quantidade de autoridades envolvidas em assaltos a coisa pública é de tal
monta, que dá impressão que somos governados por uma máfia dirigida por um
poderoso e inimputável chefão. Mas, sobre a máfia política não houve uma
campanha sistemática de desmoralização junto á opinião pública.
Chegamos a um ponto em que a economia está
arruinada e o sistema político faliu. Os partidos políticos não possuem mais
representatividade e, para piorar não surgiram novas lideranças como aconteceu
na Argentina com a vitória de Maurício Macri ou com o despontar de nomes como
Luís Lacalle no Uruguai, Henrique Caprilles na Venezuela ou Keiko Fujimori no
Peru. Estes falam a língua evoluída dos liberais e são capazes de quebrar a
hegemonia latino-americana da neoesquerda nefasta, populista, atrasada que vem
infelicitando os povos latino-americanos.
No Brasil, a hegemonia petista impediu a emergência
de estadistas e vemos as mesmas e cansativas figuras se posicionando para a
corrida aos cargos eletivos. Como é fraco todo esse material político que se
apresenta para disputar nosso voto.
Aqui, de inédito e meritório, somente figuras
isoladas no Poder Judiciário, como o ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa e
agora o juiz federal Sérgio Moro coadjuvado pela Polícia Federal e por
promotores. Estes têm a capacidade de aplicar a isonomia do Direito e a
competência de fazer justiça através da lei. No mais, mergulhamos numa crise de proporções
gigantescas. Somos um barco à deriva, sem capitão e sem leme.
Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.
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