sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

TEMPOS PERIGOSOS
Maria Lucia Victor Barbosa
11/12/2009

Em tempos de campanha adversários se transformam em inimigos e a política pode se tornar literalmente caso de vida ou de morte. Porém, as “armas” mais brandidas são as que funcionam para mudar o comportamento dos eleitores porque, se a política consiste em traçar de forma racional metas para alcançar o poder, o povo faz política a partir de emoções devidamente manejadas por hábeis prestidigitadores de ilusões. Estes se revezam, sobretudo, nos palanques eletrônicos das TVs onde é fácil enganar mentes sequiosas de serem enganadas. Para tanto são utilizados o cinismo, a mentira, a hipocrisia que, se são empregados por todos os grupos sociais aparecem de forma mais nítida no palco iluminado da política.
Entre inimigos, que amanhã poderão trocar beijos e abraços, não cessam os combates visando à destruição mútua. Vale tudo para se alcançar ao alvo mais cobiçado: o poder. Mesmo porque, o poder político e o econômico caminham juntos e ambos agregam a sensação de pairar sobre as pessoas comuns, o inebriante sentimento de satisfazer o ego, a deliciosa impressão de imunidade, a encantadora vassalagem dos sabujos palacianos, a adoração das massas maravilhadas diante do salvador da pátria. E, assim sendo, funcionam especialmente quando campanhas esquentam: a traição, a vilania, a corrupção, a intriga, a difamação. É imprescindível abater o inimigo, tirá-lo do caminho custe o que custar.
Tempos de campanha são tempos perigosos onde os poucos escrúpulos que possam existir se esvaem completamente. Pululam mercenários que se oferecem a quem der mais. Traidores espreitam com a desenvoltura que caracteriza os chantagistas.
Ao mesmo tempo, máscaras são afiveladas para simular bondade, moralidade, integridade, religiosidade. O que é falso deve parecer verdadeiro. Erros, falcatruas, crimes cometidos devem ser atribuídos aos outros.
Na podridão moral em que o Brasil mergulhou, a próxima campanha deve ser uma das mais pesadas já existidas porque o partido que ora ocupa poder não consentirá em perdê-lo. Tudo foi cuidadosamente preparado para a permanência da máquina petista, pois na degradação política em que nos encontramos vemos partidos ditos de oposição que não fazem oposição, instituições que desvirtuaram seus objetivos, entidades que como a maioria se venderam ao governo Lula da Silva. Para piorar, temos o Legislativo e o Judiciário submetidos ao Executivo, enquanto a propaganda asfixiante entorpece as mentes, tolda o entendimento da maioria, rende pobres e ricos a certas bondades governamentais.
Nesta época em que valores se perderam, a maioria concorda e mesmo louva condutas corruptas de seus governantes. Os escândalos que se sucedem vertiginosamente na esfera política são aceitos com naturalidade ou indiferença. Para a plebe basta futebol, enquanto torcidas movidas a puro barbarismo são amostra da violência que grassa impunemente por todo país.
Estranhamente, na era das comunicações campeia a desinformação. O paradoxo que pode ser explicado ao se entender que informações são selecionadas conforme motivações individuais. Se interesses se concentram em esporte, colunas sociais, novelas ou assuntos mais amenos, pessoas que, inclusive, possuem razoável nível cultural, podem surpreender por sua ignorância acerca do que se passa na esfera política.
Tanto faz se os dólares na cueca, os reais nas meias foram surrupiados por políticos do PT, do DEM, do PMDB, do PSDB ou de qualquer outro partido. Partidos políticos no Brasil são apenas clubes de interesse, sem a característica clássica de serem os elos entre povo e governo e, por isso, conta apenas o poder pessoal concentrado em figuras do Executivo, sendo a mais notada a do presidente da República.
Qualquer pessoa é fruto de sua época e de sua circunstância e o atual presidente da República não foge á regra. Ele se enquadra nesses tempos de mediocridade, de vulgaridade, de superficialidade. Isso nada tem a ver com sua origem humilde, com o fato de continuar por vontade própria semi-analfabeto. Muitos o comparam e ele também o faz, a Getúlio Vargas. Mas a diferença é que o culto da personalidade de Vargas foi construído por ele a partir de suas obras e de seu populismo, o que o tornou popular. Lula da Silva teve um culto de personalidade construído para ele com base no populismo, o que o fez popular. Getúlio era sagaz. Lula é apenas esperto. Getúlio era carismático com base na sua personalidade. Lula tem personalidade atraente para o povo com base na boçalidade cuidadosamente cultivada. Getúlio falava aos sindicalistas. Lula é sindicalista e disso não passou ao se tornar presidente. Getúlio escreveu em sua carta testamento que “saia da vida para entrar na história”. Gabeira disse com muito acerto que “Lula saiu da história para entrar no marketing”. Em termos de América Latina, Getúlio foi algo aproximado a Perón. Lula que quer comandar a América Latina é algo que se aproxima de Hugo Chávez. Getúlio foi explicitamente um ditador, portanto, não queria deixar o poder. Lula tem estofo de ditador e o PT não permitirá que o poder adquirido com tanta dificuldade seja perdido. Isso significa que teremos as eleições mais truculentas de nossa história. Os adversários do PT que se cuidem, pois, sem dúvida, vivemos tempos perigosos.
Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga
mlucia@sercomtel.com.br
www.maluvibar.blogspot.com

8 comentários:

  1. Tomei a liberdade de transcrever teu texto no meu blog www.professorpizarro.blogspot.com
    Evidente que, por honestidade e ética, também coloquei o devido crédito da autoria e o endereço do teu blog para que outras pessoas possam conhecê-lo.
    Um abraço fraterno

    James Pizarro
    Praia de Canasvieiras
    Florianópolis

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  2. Num calculo subjetivo, imagino que não mais de 2% dos brasileiros compreendem o verdadeiro significado do texto, e da real ameaça em que estamos submetidos.

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  3. O PT aprendeu como ninguem a tecnica nazista de marketing. Lulla já disse que admira a "força de vontade" de Hitler. Mas aqui não é a Alemanha e falta-nos um fator importante para o marketing nazista funcionar: a disciplina. Aqui vale mais quem se faz de vitima, coitado. Pedro Simon até hoje fala na luta contra a ditadura, e vai falar até morrer. Mas o PT deixou de ser vitima já a algum tempo. Vai ser uma grande luta. Quem viver, verá.

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  4. Professor Pizarro,

    Agradeço a publicação no seu site. Como sabemos, "pensamento tem consequência". Vamos em frente.
    Um abraço

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  5. Mezzzomo, são sempre poucos que entendem o que se passa de fato ao seu redor, por isso a manipulação da maioria é fácil. Mas creio que existem mais de 2% capazes de entender um artigo como o que escrevi. Somos poucos, mas existimos.

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  6. Partido Alfa, não tenho dúvida de que o PT se adestrou na arte da propaganda, tornando-se mais perigoso. E, como escrevi,os petistas não pretendem largar o poder. Farão de tudo para resguardar Lula, que está mais para Mussolini do que para Hitler, e eleger Dilma Rousseff. De fato vai ser uma grande luta. Que cada um de nós não se omita pela palavra e pelo voto.

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  7. Não possuo Blog, mas, no entanto, sou assíduo comentarista de um. Nos meus comentários, já inúmeras vezes afirmei que lulla não irá deixar o Poder, pois está em causa tanto para o PT, como para ele e como para o expansionismo meteórico que o Foro de São Paulo teve após sua subida ao Poder, as suas sobrevivências dependem de todos organismos que o Brazil possui, incluindo o dinheiro dos nossos impostos, generosamente distribuído. Ele se vai perpetuar no Poder através de artifícios que a nossa Constituição permite: estado de sitio. E para tal, tem seu exercito particular para promover a violência gratuita, atemorizante, mas necessária, os MST. Sem lulla no Poder, o Foro de São Paulo, Banco do Sul, Unasul, tudo se desmorona. Portanto, impensável sua saída do Poder.

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  8. Maria Lúcia,

    Há muito tempo não lhe escrevo... há anos. Espero que se lembre de mim.

    Acabei de ler o seu artigo "Os misteriosos bastidores do poder" no Alerta Total, o blog do Serrão, e considero oportuno fazer o seguinte reparo. Você diz:

    "É fato também que o presidente se intrometeu excessivamente em Honduras para dar uma mãozinha ao companheiro Chavez, que por sua vez queria eternizar Zelaya no poder."

    Perdão. Cabe uma correção de extrema relevância. Quem queria (e quer) Zé Laia na presidência de Honduras é o vagabundo cachaceiro que é o comandante vitalício do Foro de São Paulo, a maior organização criminosa da história do Ocidente, tendo, inclusive, o comando dos narcotraficantes das FARC. Assim, Hugo Chavez, Evo Morales, Rafael Correa e laia são apenas seus (do vagabundo cachaceiro) paus-mandados.

    Apesar dos pesares, que tenhamos um ótimo 2010!

    Mario - Sampa/SP

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