A
HIPÓCRITA “GUERRA DO PARAGUAI”
Maria
Lucia Victor Barbosa
26/06/2012
O
Rio+20, é sabido, redundou num monumental fiasco de dimensões globais. A
montanha pariu uma carta de intenções rasa como um pires e, para piorar, a
presidente Rousseff não ficou bem na foto, especialmente quando foi criticada
na “Cúpula de Mulheres”.
Na
imensa Torre de Babel teve de tudo: mulheres nuas, índios de cocar e saiote de
palha filmando e fotografando com filmadoras e celulares de avançada
tecnologia, indefectíveis sem-terra sempre presentes em manifestações e não no
cultivo do solo, adeptos da maconha livre, enfim, povos variados que, de algum
modo, foram financiados para no Rio de Janeiro fazer turismo em favelas e
festejar em casas noturnas e em restaurantes.
Não
foi, porém, um carnaval sem alguns contratempos, pois numa espécie de
antecipação do que vai ser a Copa de 2014, as delegações estrangeiras tiveram
que enfrentar falta de estrutura no aeroporto Tom Jobim, ausência de
recepcionistas que falassem inglês, lentidão no trânsito e uma série de
confusões e desconfortos que, naturalmente, não foram experimentados pelos
chefes de Estado, excluídos os mais importantes que tinham mais o que fazer e
não vieram prestigiar o governo brasileiro. Os que compareceram gostaram da
carta chinfrim, enquanto as ONGs se recusaram a assinar o insosso documento.
No
entanto, a festa global teve um toque interessante. Cientistas se dividiram
entre os que dizem que o mundo vai esquentar por conta da intervenção do homem
que não cessa de jogar gás carbônico na atmosfera e os que falam numa nova era
glacial e excluem a interferência humana nas catástrofes planetárias. Um
instigante debate entre ideologia e ciência. Afinal, o cientista que previu as
tremendas consequências do aquecimento global voltou atrás em suas teorias que
lembravam o fim do mundo para o agrado de milenaristas e, também, de
esquerdistas que com a queda do Muro de Berlim resolveram a empunhar a bandeira
verde.
Não
se pode deixar de mencionar a figura macabra presente ao evento: Mahmoud
Ahmadinejad. O que teria o tenebroso personagem vindo fazer no Rio de Janeiro? Aproveitar
para abraçar seu grande amigo Lula da Silva? Disseminar a ideia de uma ecologia
atômica? Pregar seu terrorismo que iguala os infiéis na morte?
O
abjeto presidente do Irã que nega o Holocausto tem em mente, em primeiro lugar,
o extermínio de Israel. Em seu país, “democraticamente”, manda apedrejar
mulheres, persegue minorias religiosas e homossexuais. Como é “democrático” não
tolera a imprensa livre. Dá “lições de
democracia” quando prende, tortura e mata os que contestam suas barbaridades.
Entretanto, esse ente abominável, que se mostra avesso aos direitos humanos, é
idolatrado por Lula da Silva e seus companheiros que dizem que os problemas do
Irã são questão de soberania.
Muito
melhor aprender com os judeus sobre desenvolvimento sustentável. Isto porque,
Israel é líder mundial em eficiência do uso da água, líder mundial inovador na
área de alimentos, líder em tecnologia de energia solar e térmica. Assim, se
houve alguma coisa séria e que fizesse a diferença nesse Rio+20, essa coisa foi
a presença de representantes de Israel.
Quanto
a hipócrita “guerra do Paraguai”, movida em estilo latino-americano, parece que
o governo petista não aprendeu com a vexaminosa lição de Honduras. Quem não se lembra
da embaixada brasileira transformada em picadeiro de Manuel Zelaya, o adepto de
Chávez que tramava, a exemplo deste, conspurcar a Constituição de seu país a
fim de se perpetuar no poder?
Acometida por amnésia histórica a presidente
Rousseff se apressou em enviar o chanceler Patriota ao Paraguai com
recomendação de que falasse grosso com o Congresso daquele país, o que fez cair
por terra a teoria da soberania que é sempre apresentada quando o déspota é
companheiro.
Cuba,
com seu sanguinário e longevo regime castrista é tida pelo governo petista como
intocável nação soberana. Chávez, o golpista por excelência, o brutal inimigo
da liberdade de pensamento, recebe marqueteiros enviados por Lula para disputar
mais uma eleição. Evo Morales, que expropriou a Petrobrás e tem tido problemas
com revoltas populares é muito apreciado no Brasil. Cristina Kirchner, que está
enterrando a economia argentina, reinventou a guerra das Malvinas para atrair
as simpatias do seu povo e fez mais: suspendeu o Paraguai da reunião do Mercosul
em Mendoza. Aliás, os nove integrantes do bloco aceitaram a decisão em nome da “ruptura
democrática em Assunção”, apesar do impeachment de Lugo ter sido conduzido de
acordo com normas constitucionais.
As
sanções que o Brasil pretende impingir ao Paraguai em nome de um golpe que não
existiu, demonstra a imitação do estratagema de Cristina Kirchner com sua
fictícia guerra das Malvinas. Teríamos uma espécie de guerra do Paraguai para tentar
distrair as atenções, uma vez que nossa economia segue velozmente ladeira
abaixo.
Contudo, para que não nos envergonhemos
novamente é preciso que o Brasil respeite a decisão soberana do Paraguai e
deixe que Lugo, em vez da pantomima do governo paralelo, siga sua verdadeira vocação
aumentando a prole como um autêntico pai da pátria.
Maria
Lucia Victor Barbosa é socióloga.
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