LULA E O CAPITÃO SIMONE
SIMONINI
Maria
Lucia Victor Barbosa
01/06/2012
É
sabido que a arte imita a vida e muitas vezes uma obra literária revela mais do
que um tratado. Assim, quem ler O Cemitério
de Praga, livro mais recente do notável escritor e pensador, Umberto Eco,
sem dúvida fará um paralelo com o que se passa na política brasileira em termos
de essência, é claro, e não de cenário histórico com costumes e personagens
próprios de uma época.
Nesta
obra Umberto Eco conduz o leitor a uma vertiginosa aventura entre intrigas,
calúnias, crimes, traições, conspirações. Destaca-se a sordidez própria das
tramas presentes nos jogos do poder, sendo que o personagem principal, capitão
Simone Simonini que conduz o enredo é o velhaco por excelência, o ardiloso
falsificador, o traidor que oscila entre facções, o cínico que justifica todos
seus atos, o frio calculista, o impiedoso carrasco dos adversários. Enfim, Simonini,
que tem personalidade dupla é um tremendo mau-caráter, um inescrupuloso, um
corrupto que se vende e serve a quem lhe pagar mais.
Estas
características não parecem familiares aos que me leem? Não vem à mente
determinados tipos que transitam com desenvoltura por nossa ribalta política? É
a selva humana em ação onde prevalece como mostrou Maquiavel, “a força do leão
ou a astúcia da raposa”.
Feitas
essas observações lancemos um olhar sobre o encontro de Lula e o ministro,
Gilmar Mendes, do STF, promovido por Nelson Jobim. No episódio, apesar dos
muitos desmentidos e versões, um todo-poderoso Lula chantageia e lança seu
veneno sobre o ministro oferecendo proteção de capo para não envolvê-lo na CPI
do Cachoeira, desde que ajude a protelar o temido julgamento do “mensalão”,
crime cometido durante seu governo por companheiros, entre eles, José Dirceu.
Nesse
caso, o ex-presidente assume sua porção de um fabuloso Simonini. Ele faz
questão de demonstrar que não só dirige a CPI como manipula o STF, pois afirma
já ter conversado com outros ministros ou ter meios para convencê-los do que
deseja, como seria o caso da ministra Carmem Lúcia a ser influenciada pelo o
ex-ministro Sepúlveda Pertence.
Lula
é o caso típico de alguém que tendo tido origem humilde tornou-se dono de um
imenso poder do qual abusa, que lhe propicia as delícias da burguesia que antes
criticava e no qual se agarra com unhas e dentes.
Naturalmente,
nem todos que foram pobres e que tiveram o mérito de ascender na escala social
agem desse modo. Exemplo disso, o ex-presidente Juscelino Kubitschek de
Oliveira. Lula, contudo, não subiu por mérito e sim por sorte, sendo sua escola
a sindical onde aprendeu tretas e mutretas dignas do capitão da ficção de
Umberto Eco.
Matreiro,
Lula é confundido com gênio da política e sua verborragia cheia de
impropriedades linguísticas, gafes, palavrões, piadas de mau gosto é saudada
como identificação perfeita com o povo. Ele se move pela lei da desforra do que
foi e apesar da arrogância, da fanfarrice, da vaidade desmesurada, no fundo é um
recalcado com complexo de inferioridade que precisa constantemente de
holofotes, aplausos, premiações, títulos, para se sentir bem. Compara-se a
Jesus Cristo, Tiradentes, Jk e se gaba de ser o melhor presidente que o mundo
conheceu, o descobridor do Brasil que
antes dele não existia, o salvador dos pobres e oprimidos.
Uma
competente propaganda e a tendência humana para acreditar na mentira compõem o
mito e o PT faz de sua criação o ser inimputável, intocável, onipotente,
onisciente, o pequeno deus que no fundo sabe que tem pés de barro.
No
caso do encontro com o ministro, Lula/Simonini, como é de seu feitio negará o que
disse, não sabe de nada, não viu nada, nenhuma afronta ao STF foi feita, no que
foi secundado pelo anfitrião, Nelson Jobim. Ao mesmo tempo, a rede de intrigas
e versões entrou em ação e nisto pelo menos nisso o PT é competente. O errado é
o ministro que ao se defender ficou mal visto. Pior, ficou sozinho.
Enquanto Lula foi homenageado pela presidente
Rousseff, o presidente do STF, Carlos Ayres Britto junto com seus pares
declarou que o problema de Gilmar Mendes é pessoal. O ministro Marco Aurélio
Mello declarou que é legitimo Lula opinar sobre o julgamento do mensalão, do qual,
aliás, o ex-presidente foi avisado em 2005 por Marcondes Perillo, hoje na
fogueira da CPI. E o próprio José Dirceu andou dizendo que não fazia nada sem
que Lula soubesse.
Em
todo caso, as coisas vão bem para Lula, “mensaleiros” e companheiros da cúpula
petista. A tal CPI para tirar o foco do julgamento do “mensalão” é uma farsa
que desmoraliza ainda mais o Legislativo. O Judiciário foi conspurcado em sua
mais alta corte sem ninguém reclamar. Sobra a hipertrofia do Executivo que se
prepara para a volta, em 2014, do capitão Simonini, quer dizer, de Lula e de seus
companheiros. E ainda se acredita que vivemos em plena democracia.
Maria
Lucia Victor Barbosa é socióloga.
Maria Lúcia, li o seu texto e gostei. Resolvi publicar este comentário porque recentemente li um artigo no blog do Reinaldo Azevedo em que ele criticava seus detratores, qualificando-os como blogueiros medíocres, que escrevem, escreve e escrevem, mas ninguém os lê.
ResponderExcluirNão descobri sua página ao acaso. Recebi um email com seu último texto, transcrevi no facebook e, pimba, caí aqui!
Mas, tratando do que mais interessa no momento. Por um acaso, assisti o programa do Ratinho com a entrevista do Lula. Ele estava estranho, não parecia o mesmo personagem que nos governou por oito anos. Careca, uma voz grave, face envelhecida e sem barba. Um velho radical, que expõe um pensamento anacrônico de pobres contra ricos, dos que nada têm contra a elite egoísta e perversa que tudo possui e não quer repartir.
Pior do que isso foi ver uma plateias seduzida, embasbacada, aplaudindo entusiasmada as palavras do seu líder.
A impressão é que Lula tudo pode. Roubar, mentir, desprezar as leis; nada o afeta. A claque o aplaude movida pelas promessas do bolsa família ou pelo convencimento fácil de seu discurso.
Parece que o povo brasileiro é mais pragmático do que ético e isso é muito preocupante.
Obrigada por seu comentário e pela publicação. No vi o Lula no Ratinho, mas soube que ele fez campanha descarada para o Haddad. Lula é confundido com gênio, quando é só esperto, adestrado nas lides sindicalistas onde aprendeu ser palanqueiro. Foi feito para ele um culto da personalidade e a propaganda seduziu mentes e corações. Aos rico Lula deu lucros formidáveis. Aos pobres bolsas-esmolas. O sonho dele é voltar em 2014 e só não está em campanha desenfreada porque a doença o vem impedindo. Nosso povo nada tem de ético, pode votar de novo no salvador da pátria. Seria o caminho mais fácil para o abismo econômico e para o aprofundamento da corrupção ainda mais desenfreada que tira do povo o que o povo dá ao governo através de pesados impostos. Hoje já vemos o estado da Saúde, da Educação, das estradas. Tudo vai no ralo da corrupção, dos mensalões.
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