DA BOA VIDA PARA A
HISTÓRIA DA CAROCHINHA
Maria
Lucia Victor Barbosa
12/10/2012
Na
sua Carta Testamento Getúlio Vargas escreveu: “Saio da vida para entrar na
história”. Lula jamais cometeria o suicídio ainda que imerso no mar de lama em
que se afoga seu partido. A frase mais adequada a seu pronunciamento seria:
“Saio da boa vida para entrar na história da carochinha”.
Lula da Silva é claro, continua na boa vida no
sentido de gozar dos benefícios da “zelite”, mas não é a mesma coisa de quando
era presidente da República. E como não governou, mas deixou a vida levá-lo entre
viagens espetaculares, palanques constantes, recepções a atletas, reuniões festivas,
homenagens infindas, sendo que nos primeiros anos de mandato tinha uma espécie
de primeiro-ministro atualmente condenado pelo STF como chefe da quadrilha do
mensalão, José Dirceu, a existência presidencial era um não acabar de
maravilhas. Tretas, mutretas, trapaças ficavam a cargo do homem forte do
governo que, como o próprio afirmou nada fazia sem que o chefe Lula soubesse e
consentisse.
Que
boa vida! Lula pairava acima da lei. Podia falar o que quisesse porque mesmo os
maiores despautérios eram saudados com palmas, risos, gritos de júbilo. Dessa
boa vida Lula saiu em que pese desejar ardentemente a ela voltar. Ele sabe que
ter ou não ter poder eis a questão.
Entrar
para a história da carochinha merece uma explicação. No passado histórias da
carochinha eram narradas para crianças que acreditavam piamente nos contos,
lembrando que carocha quer dizer peta, mentira. Ora, Lula é um exímio contador
de lorotas, um ególatra que se gaba constantemente de feitos que não fez. Lula
é uma propaganda enganosa bem sucedida digna de entrar eternamente para a
história da carochinha apesar de que sua peta mais hilária, a que reza que o
mensalão nunca existiu, foi agora desmentida pelo Supremo Tribunal Federal.
No
julgamento considerado o mais importante de nossa história, além da condenação
de várias figuras que atuaram como linhas auxiliares nos crimes de corrupção do
governo Lula este amarga as que complicaram a vida de José Dirceu,
carinhosamente apelidado de “capitão do time”; de Delúbio Soares, ex-tesoureiro
do PT; de José Genoino, ex-presidente do PT. São figuras exponenciais do
partido marcado pelo maior crime de corrupção governamental já havido no país, a
monumental compra de votos de parlamentares cujo objetivo era a manutenção do
PT no poder. Algo, portanto, maculado com requintes de golpismo tão próprio da
mente stalinista que articulou a sórdida trama.
Desagradavelmente
surpreso Lula e os companheiros assistem ministros do Supremo Tribunal Federal julgando
de acordo com a lei e melhor, com a isonomia que significa que a lei é igual
para todos. Destaque para o relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, que
nunca foi um boa vida nem precisou de cotas para chegar aonde chegou por
mérito. Ao horror das hostes petistas se opõe o encantamento cívico de grande
parte da nação que não acreditava mais na condenação de poderosos. Afirma assim
sua independência o Poder Judiciário prestando um relevante serviço à
democracia.
Diante
da vexaminosa desventura a reação do ex-presidente não poderia ser pior. Ele
taxa o julgamento de hipocrisia, o que se configura uma afronta monumental, um
desrespeito profundo, um desacato de enormes proporções ao STF. Delúbio, o
“homem bomba” que se imola pela causa, continua calado. Genoino diz ter a
“consciência dos inocentes”, a mesma que devia ter Jacques o estripador. No
repetido diapasão petista ataca a imprensa, os reacionários, os moralistas, o
STF e sonha em vão com o “favorecimento da população” aos crimes por ele e
pelos companheiros cometidos. José Dirceu, depois da conversa fiada e
requentada da luta de classes, de direita versus esquerda, algo tão antigo
quanto sua fuga para Cuba prefere voltara à obsessão do fortalecimento do poder
petista e apela para a necessidade da vitória em São Paulo, além de frisar a
urgência da consecução do antigo projeto de amordaçamento da mídia e do
controle do Judiciário. Não há dúvida de que ele aprendeu muito com seu ídolo
Fidel Castro.
Certamente
o PT enlameado não acabou. Lula, ainda desfruta de popularidade e conta com os
que pensam que histórias da carochinha são reais. E tem mais, nesse segundo
turno os institutos de pesquisa, que erraram de cabo a rabo, já começaram a
desenvolver seus enredos favorecendo a quem interessa. Partidos são meros
clubes de interesse facilmente cooptáveis. No PSDB, muitos erros estratégicos
facilitam o êxito do lulismo.
Entretanto,
vai ficando cada vez mais evidente que “capitão do time” tinha um “general” que
até hoje se diz um pobre operário. O dia em que houver no Brasil uma oposição
para valer isto ficará provado e o STF fará justiça. Somente, então, acontecerá
para as futuras gerações o resgate moral dessa fase da política delinquente.
Maria
Lucia Victor Barbosa é socióloga.
@maluvi
Parabéns por esse excelente artigo. Li outros que são do mesmo naipe. Cloguei seu blog na minha lista de recomendados.
ResponderExcluirPrezado Airton, fiquei gratificada com suas palavras. Muito obrigada. Um abraço, Maria Lucia
ResponderExcluirsaludarte y me he encontrado con un blog que es igual a mi primer blog...me ha hecho ilusión
ResponderExcluirun abrazo
Marina