A INFLUÊNCIA E O
PODER DE MARGARET TATCHER
Maria
Lucia Victor Barbosa
12/04/2013
Na
Inglaterra, onde se originaram fenômenos políticos, econômicos, sociais e
culturais capazes de influenciar o mundo, a rainha Elizabeth I, a rainha
Vitória e Margaret Tatcher foram mulheres notáveis que frente ao poder dele
souberam se desincumbir com rara maestria.
Margaret
Tatcher faleceu dia 8 deste abril, aos 87 anos, deixando um legado
extraordinário. Sua firmeza, coragem e competência lhe acarretaram o ódio da
esquerda e dos sindicatos que ela colocou de joelhos, mas a única mulher que se
tornou primeira-ministra da Inglaterra e governou seu país por mais de 11 anos,
nunca esmoreceu diante dos desafios e dificuldades. Como ela disse certa vez:
“Eu não sou uma política de consenso”. “Eu sou uma política de convicções”.
Diferente
da nobreza por sua origem plebeia, Tatcher proveio de um ambiente modesto. Saiu
da lower middle class, sendo filha de
um merceeiro e de uma costureira. Estudou em escola pública, o que não a
impediu de conseguir uma bolsa de estudos que lhe permitiu fazer brilhantes
estudos de química em Oxford antes de se encaminhar para o Direito, tornando-se
depois especialista em questões fiscais.
Em 1959, depois de duas derrotas, foi eleita
para a Câmara dos Comuns. Dois anos depois se tornou subsecretária de Estado
para Questões Sociais. Em 1970 assumiu a pasta da Educação. Em 1975 se tornou
líder do Partido Conservador, eleita pelos 276 deputados conservadores da
Câmara dos Comuns. E a partir de1979 até o final de 1990, governou a Inglaterra
como primeira-ministra tendo ganhado três eleições com ampla maioria.
Quando
assumiu o comando da Inglaterra, Tatcher enfrentou um cenário economicamente muito
difícil. O PT da Inglaterra, Partido trabalhista, seguindo a tradição
socialista elevava os gastos públicos, recorria ao aumento dos salários,
incrementava a estatização. Isto em meio a uma inflação de 25%, um crescimento
pífio da economia e um milhão de desempregados, o que acarretava ondas de
greves no setor público, deixava os políticos imobilizados e paralisava ainda
mais a economia do país que sucumbia ao esquerdismo dos sociais-democratas e
desenvolvimentistas.
Como
analisou Gustavo Patu (Folha de S. Paulo - 09/04/2013): “A escalada dos gastos
públicos elevava a inflação, a carga tributária e enfraquecia as empresas”. “A
debilidade era enfrentada com proteção à Indústria e aos salários, demandando
mais gastos e criando um ciclo vicioso”.
Tatcher
partiu para o ideário liberal e pôs a casa em ordem. Enfrentou os sindicatos,
privatizou e só deixou sobreviver setores produtivos que fossem lucrativos.
Além disso, criou agências reguladoras fortes e independentes, priorizou a
Educação e a Saúde.
A
revolução liberal de Tatcher não só obrigou o Partido Trabalhista a se render a
dogmas liberais, o que foi chamado de New
Labour, como influenciou a transformação da esquerda em todo mundo.
Inclui-se o governo tucano de FHC e, atualmente o governo petista com suas canhestras
tentativas de privatizações apelidadas de concessões, sendo que o PT faz
lembrar a letra de uma música de Alceu Valença: “nós somos cópias mal feitas”.
Ainda
no plano externo Tatcher teve papel decisivo na derrocada da URSS e na queda do
Muro de Berlim ao influenciar Mikhail Gorbatchov. Foi, portanto, peça
fundamental numa parceria com o presidente norte-americano, Ronald Reagan, na
importante vitória ocidental da guerra fria.
Outro
episódio que demonstrou sua coragem e determinação ocorreu na guerra das Ilhas
Falklands, promovida pela Argentina de modo grotesco e trágico. O Exército
argentino se rendeu quase sem luta e quando o conflito terminou a frustração
popular se voltou contra o governo Galtieri. De forma oposta, na Inglaterra o
governo de Margaret Tatcher recebeu estrondosa vitória eleitoral. Que Cristina
Kirchner pense duas vezes antes de prosseguir com sua patacoada com relação às
Falklands.
Afirma,
contudo, Roberto Simon (O Estado de S. Paulo, 09/04/2013), que Margaret Tatcher,
“em sua autobiografia, ao se questionar sobre o principal feito de sua vida,
não menciona a guerra das Falklands ou a mudança das bases da economia
britânica, mas uma garota judia, Edith Muhlbauer, que ela ajudou salvar da
brutal perseguição aos judeus e levar para a Grã-Bretanha quando Hitler anexou
a Áustria, em 1938”. Posteriormente Edith veio para o Brasil e constituiu
família. Diz sua filha, Betina Nokleby, que a família Tatcher salvou a vida de
sua mãe.
No
Brasil, com mais de 10 anos no Poder, o PT institucionalizou a corrupção e
agravou a meritofobia. A primeira mulher presidente do país tornou-se não a mãe
do PAC, mas a mãe da inflação e dos pibinhos. Isso significa que não basta ser
mulher para automaticamente brilhar no poder. Tanto mulheres quanto homens,
para governar têm que ser competentes, honestos e ter visão de bem comum. Isto
Lady Tatcher tinha de sobra.
.Maria Lucia Victor
Barbosa é socióloga.
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