DEPOIS DA ELEIÇÃO O TSUNAMI
Maria
Lucia Victor Barbosa
28/06/2014
A
Copa do Mundo precedida por manifestações selvagens dos “black blocs” ou dos
ditos movimentos sociais, de greves políticas oportunistas, de perturbações da
ordem que martirizaram populações em diversos estados brasileiros, agora
decorre em clima festivo nos estádios renomeados de arenas.
O
desempenho da seleção brasileira tem sido sofrível e começou com um
constrangedor gol contra, mesmo assim se a bola entra na rede o grito que reboa
é de alegria intensa como se a alma, a vida, a redenção das pessoas pudessem
estar contidas no chute providencial.
Lula,
o pai da Copa, crê piamente que a euforia popular que o futebol propicia é
invenção e dádiva sua às massas empolgadas. Aliás, o criador e a criatura
sempre se atribuem o que é esforço, trabalho e mérito dos brasileiros. Na
verdade, o governo corrupto, incompetente, burocrático, perdulário,
patrimonialista mais atrapalha que ajuda, especialmente os que querem produzir.
De
todo modo, a Copa existiu para ser o grande palanque de Lula e consequente
apoteose de Rousseff a ser aclamada nas urnas por um povo feliz com a vitória
da seleção. Algo, porém, maculou o cálculo de marketing visando a continuidade
de poder do PT: o monumental coro de xingamento sofrido pela governanta na
abertura dos jogos.
Hipocritamente
Lula se mostrou indignado com o impropério. Logo ele um desbocado afeito a
palavrões e à cafajestice que lhe rendem aplausos dos áulicos que o rodeiam ou
dos auditórios devidamente selecionados para ovacioná-lo. E para explicar a vaia o presidente de fato
partiu novamente para cima da elite branca e da mídia. Ao que se saiba, Lula e
sua família não são negros e sem trabalho ou esforço ascenderam à elite
econômica e política do país. Melhor dizendo, chegaram à classe alta, pois o
significado correto de elite é produto de qualidade, coisa que o ex-presidente
está longe de ser.
De
todo modo, o palanque da Copa não está funcionando para o PT. Uma coisa é
futebol, outra é inflação, inadimplência, queda do emprego, retração da
produção industrial, pibinhos que nos deixam na rabeira dos BRICS.
Ressalve-se
que basta ser dona de casa para perceber a péssima situação da economia, fruto
de um dos piores governos que o Brasil já teve. Basta ir ao supermercado.
Rousseff, por sua vez, recebeu a herança maldita do criador e é esta situação que
transborda das vaias, das infidelidades partidárias, das pesquisas de opinião
que mostram a governanta ladeira abaixo. Diante de tal situação parece que pela
primeira vez o medo venceu a esperança do PT permanecer no poder.
O
medo pode paralisar ou impelir a reações fortes. Lula não quer assumir o lugar
da criatura na campanha, pois sabe o descalabro que será 2015 do ponto de vista
da economia com as inevitáveis decorrências sociais. Prefere colar na
governanta e com sua verborragia e suas mentiras elegê-la. Sendo ela vitoriosa
precisará de anteparos para governar. Se for outro o eleito, os mesmos
anteparos se converterão em obstáculos para tentar inviabilizá-lo.
Desse
modo, enquanto o povo contente grita gol, as garras totalitárias do PT se
estendem sobre a nação. O Marco Civil está em curso, significando que
sutilmente foi baixada a censura sobre os meios de comunicação, sobre a
liberdade de pensamento. Já existe até uma lista de jornalistas “malditos” que
deverão ser expurgados pelo partido.
Sem
o ministro Joaquim Barbosa, honrosa exceção de competência, coragem e honradez
o STF retoma os conhecidos caminhos da impunidade e o primeiro ato é permitir que
mensaleiros trabalhem, passando assim por cima de critérios e privilegiando
companheiros em detrimento dos demais presos. Em breve pode ser que
especialmente os quatro mensaleiros do PT estejam leves, livres e soltos.
Tem
mais e pior, a relembrar velhos tempos, quando existia a União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas. Aguarda para votação no Congresso o decreto 8.243, apelidado de
“bolivariano”. Por esse decreto presidencial serão criados conselhos compostos
por uma vaga sociedade civis e pelos ditos movimentos sociais, organizados,
manobrados e custeados pelo governo petista. Os conselhos ou soviets
deliberarão em todos os órgãos públicos. A tal participação popular, na verdade
ideológica, inclusive, se sobreporá ao Congresso, ficando assim resolvidos
todos os problemas de governabilidade em um possível novo mandato da criatura,
ou seja, do criador. Afinal, ele quem manda.
Aproveite,
pois, o povo, alegrias e festas da Copa. Depois da eleição virá o tsunami.
Maria
Lucia Victor Barbosa é socióloga.
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